quinta-feira, 3 de maio de 2012

A Horizontalidade no Budo


A RESPEITO DA HORIZONTALIDADE NO BUDÔ

Por. Shihan Prof. Marcelo Tadeu Fernandes Silva

Nos diversos aspectos da prática do Budô – A Arte Marcial – entende-se um produto da evolução humana tratando pela própria necessidade criativa de integrar as formas de manifestações mais primitivas e evoluídas da natureza do homem, enquanto indivíduo e ser social.

Desta forma, arquetipicamente considerando, o Budô traz todas as experiências mais fundamentais das vivências humanas desde a pré-história, incluindo todas as manifestações subjetivas e coletivas na forma dos símbolos. Daí a diferenciação na atualidade entre o esporte de luta ou de combate, e a arte marcial, embora ambas as formas de manifestação possam ser integradas.

O termo japonês para Budô ( “Bu” expressa guerreiro, guerra, atitude marcial, conduta marcial, etc..., e “Dô” relativo a via, caminho, continuidade, movimento á frente...) refere a um ampla gama de possibilidades filosóficas e psíquicas e que  contradiz o termo Bujutsu, onde “jutsu” ou “jitsu” indica forma, técnica, basicamente física.

Assim, o Budô transcende a partir da experimentação mais externa e yang – física – (Luta) o ímpeto da realização humana: A forma de incorporar internamente na força interna Yin (Psíquica) a justificativa de todo o processo de integração: A filosofia e o aspecto religioso.

Entende-se então que a arte marcial tradicional enquanto Budô, ativa os dois princípios geradores e complementares da vida – A horizontalidade e a verticalidade - .

Neurologicamente, a evolução da humanidade se deu a partir das experimentações no convívio natural das variáveis da vida, cabendo a ele interpretá-las conforme seu processo evolutivo. No curso da jornada, as ações reptilianas inicialmente deram a base mais fundamental de organização e construção das atitudes individuais e coletivas do homem.

Nesta fase reptiliana, “rasteira”, “basal”, instintiva, fundamentalmente sexual reprodutiva e territorial, revela nas ações físicas e cinestésicas em que o centro gravitacional do corpo permanece muito próximo do solo, em um contato íntimo com a terra.

O corpo avantajado e mesomórfico, aparenta uma agressividade natural e predatória, com ações biomecânicas concêntricas, de alavancas, imobilizações, de asfixia e estrangulamento. A contração é isométrica.

Nas artes marciais, podemos classificá-las com Lutas de “retaguarda”, internas ou suaves. Temos então: Judô, Aikidô, Sumô, Wrestling, Jiu –jitsu, Luta Livre, Uka-uka, entre outras centenas. (SILVA, 2006)
Psiquicamente, enquadram-se as manifestações de afeto pela prole, tribo, na forma de organização de sobrevivência, na função intuitiva.

A filosofia, primordial, delega as imagens arquetípicas ao coletivo onde o indivíduo está inserido como parte de um todo resolvendo as imagens aqui “fantasmagóricas” a um membro com poderes mágicos.

A horizontalidade no seu lado obscuro e sombrio, trata-se de atitudes de violência coletivas extremas. É o aspecto da guerra tirana. O indivíduo diferenciado é uma ameaça e tente ser apartado ou eliminado.

No aspecto criativo da horizontalidade, a força interna controlada, preserva e introspecta. Realiza por si o retorno às origens primitivas que garantiram a sobrevivência e a própria evolução, contendo a agressividade na forma potencializada, em uma forma regulada de ação que mobiliza a criatividade na ação para fora, trazendo ao homem agora uma consciência de ser individual.

Canaliza-se aí, a necessidade de expressão máxima das potencialidades físicas psíquicas e filosóficas que compõem as artes marciais. 


Nasce então a verticalidade.  



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