A RESPEITO DA HORIZONTALIDADE NO BUDÔ
Por. Shihan Prof. Marcelo Tadeu Fernandes Silva
Nos diversos aspectos da prática do
Budô – A Arte Marcial – entende-se um produto da evolução humana tratando pela
própria necessidade criativa de integrar as formas de manifestações mais
primitivas e evoluídas da natureza do homem, enquanto indivíduo e ser social.
Desta forma, arquetipicamente considerando,
o Budô traz todas as experiências mais fundamentais das vivências humanas desde
a pré-história, incluindo todas as manifestações subjetivas e coletivas na
forma dos símbolos. Daí a diferenciação na atualidade entre o esporte de luta
ou de combate, e a arte marcial, embora ambas as formas de manifestação possam
ser integradas.
O termo japonês para Budô ( “Bu”
expressa guerreiro, guerra, atitude marcial, conduta marcial, etc..., e “Dô”
relativo a via, caminho, continuidade, movimento á frente...) refere a um ampla
gama de possibilidades filosóficas e psíquicas e que contradiz o termo Bujutsu, onde “jutsu” ou
“jitsu” indica forma, técnica, basicamente física.
Assim, o Budô transcende a partir da
experimentação mais externa e yang – física – (Luta) o ímpeto da realização
humana: A forma de incorporar internamente na força interna Yin (Psíquica) a
justificativa de todo o processo de integração: A filosofia e o aspecto
religioso.
Entende-se então que a arte marcial
tradicional enquanto Budô, ativa os dois princípios geradores e complementares
da vida – A horizontalidade e a verticalidade - .
Neurologicamente, a evolução da
humanidade se deu a partir das experimentações no convívio natural das
variáveis da vida, cabendo a ele interpretá-las conforme seu processo
evolutivo. No curso da jornada, as ações reptilianas inicialmente deram a base
mais fundamental de organização e construção das atitudes individuais e
coletivas do homem.
Nesta fase reptiliana, “rasteira”,
“basal”, instintiva, fundamentalmente sexual reprodutiva e territorial, revela
nas ações físicas e cinestésicas em que o centro gravitacional do corpo
permanece muito próximo do solo, em um contato íntimo com a terra.
O corpo avantajado e mesomórfico,
aparenta uma agressividade natural e predatória, com ações biomecânicas
concêntricas, de alavancas, imobilizações, de asfixia e estrangulamento. A
contração é isométrica.
Nas artes marciais, podemos
classificá-las com Lutas de “retaguarda”, internas ou suaves. Temos então:
Judô, Aikidô, Sumô, Wrestling, Jiu –jitsu, Luta Livre, Uka-uka, entre outras
centenas. (SILVA, 2006)
Psiquicamente, enquadram-se as
manifestações de afeto pela prole, tribo, na forma de organização de
sobrevivência, na função intuitiva.
A filosofia, primordial, delega as
imagens arquetípicas ao coletivo onde o indivíduo está inserido como parte de
um todo resolvendo as imagens aqui “fantasmagóricas” a um membro com poderes
mágicos.
A horizontalidade no seu lado obscuro
e sombrio, trata-se de atitudes de violência coletivas extremas. É o aspecto da
guerra tirana. O indivíduo diferenciado é uma ameaça e tente ser apartado ou
eliminado.
No aspecto criativo da
horizontalidade, a força interna controlada, preserva e introspecta. Realiza
por si o retorno às origens primitivas que garantiram a sobrevivência e a
própria evolução, contendo a agressividade na forma potencializada, em uma
forma regulada de ação que mobiliza a criatividade na ação para fora, trazendo
ao homem agora uma consciência de ser individual.
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